3 de mai. de 2010

CONFORMISMO SUICIDA

Texto publicado no blog do GuaráUnderground.

Antes de tudo, gostaria de aprofundar com vocês o conceito de conformismo e suicida, para assim chegarmos a esse fenômeno cultural e prejudicial, que assola as mentes da grande maioria da população brasileira.

Com uma rápida consulta podemos encontrar diversas formas de entender o que seria o conformismo, me atenho ao sentido de que seja uma tendência de se conformar com os usos estabelecidos, ou seja, se submeter ao que lhe é imposto, mantendo-se inerte a qualquer ação que possa mudar o tal "estabelecido". Assim sendo, chegamos ao conceito de suicida, superficialmente entendemos suicídio como o ato de provocar a própria morte, mas podemos estender também à destruição, a ruína ou a derrota do próprio indivíduo, este sendo o nosso infame suicida. Com estes dois conceitos em mãos podemos chegar a uma mesclagem, originando assim nosso conceito deconformismo suicida, que resumidamente seria o fato do indivíduo se conformar com o que lhe foi imposto de forma preestabelecida, levando assim a sua própria ruína, não necessariamente a sua morte. Mas o que poderia ser pior que a morte? Poderiam lhe perguntar. Perder a sua liberdade e ser confinado em um mundo depredado pela ganância, um mundo de eterna subjugação e constrangimento perante párias, sujeitos desprovidos de moral e bondade. Seria este mundo uma prisão penitenciária, aquela que você só viu pela televisão e teme que um dia acabe por lá, largado às traças por defender sua vontade e honra? Não pasmem caros leitores, este mundo do qual lhes falo é real, tateável e visível. Este mundo é o nosso país: Brasil das palmeiras, da mulata, do samba e também do preconceito, seja este racial, cultural, social ou até mesmo sexual, o Brasil das autoridades com plenos poderes e destemidas de se utilizarem de benefícios indiscriminados.

E onde estamos em meio a toda essa bagunça? No fundo do poço, nos arrastando para conseguirmos um lugar ao sol, um lugar na mediocridade de um salário que pelo menos nos dê o que comer, porque muitas vezes nem isso o pobre brasileiro tem, trabalha noite e dia sendo cuspido na cara pelos aristocratas e tendo que lidar com sua barriga que ronca de fome, clama por comida. E o seu coração? Pelo que ronca o coração do brasileiro? O que clama no fundo do interior desta pobre e açoitada alma? Justiça, igualdade e tudo aquilo que nos prometem a cada 4 anos e mesmo assim não nos dão. Já está estabelecido por leis que devemos temer as autoridades, que devemos respeitá-las e jamais tocá-las. Assim como na antiguidade onde o Rei era uma figura divina, investida de poder através da maior arma da cultura da subjugação européia, a bíblia. Nas mãos de velhos decrépitos que diziam serem enviados de deus. E agora? As autoridades brasileiras são divinas! Investidas de poder através da constituição federal da república brasileira, uma espécie de bíblia do governo pseudo-democrático. E onde fica o nosso conformismo suicida nessa história? Aí sim, depois de viajarmos por toda essa história do nosso país podemos vislumbrar o porque de estarmos presos neste mundo, sem ter meios de nos libertar, isto por causa do maldito conformismo suicida, o brasileiro, como indivíduo político é um suicida conformado, ele sabe que um dia vai morrer, seja pelas mãos do estado ou seja por desgosto, velho e inválido em razão dos anos que trabalhou para manter esse estado gordo e faminto, mas não faz nada para mudar isso, não se opõe ao estado, não se opõe as autoridades, prende-se a conceitos estabelecidos seja por religião ou por uma falsa moral que está impregnada em sua mente, onde é errado usar da violência contra os outros, porém ser violentado todos os dias é algo perfeitamente cabível, já que as autoridades detêm o poder divino da constituição e por ela são protegidos, enquanto para o pobre cidadão comum brasileiro é imposto um código penal, repleto das mais diversas penalidades e sanções, para que você sempre pense duas vezes antes de se opor ao estado. Sempre se conformando com a ruína, este é o nosso conformismo suicida, o pensamento que está impregnado em praticamente todos os brasileiros, fazendo-os escravos do estado, da aristocracia, mantendo-lhes bem abastecidos de riquezas, impunidade e poder.

Mas, aos poucos, temos o que chamam de "raios de esperança", com movimentos sociais de contracultura, contra a cultura da subjugação, do conformismo, gerando forças capazes de mover todos nós, pouco a pouco, para cima, para fora deste poço, fora deste mundo, deste Brasil velho e decrépito. Para um novo Brasil, um Brasil nosso, de todos, todos eu digo nós, aqueles que trabalham todos os dias pensando num futuro melhor e não para aqueles que só pensam em formas de se aproveitar das pessoas, para estes párias, o fundo do poço.

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